Pare para pensar. Você tem 11 anos, acabou de chegar em um lugar novo, onde você não conhece ninguem, e é imediatamente rotulado, e feito parte de um grupo.
Você vai interagir quase exclusivamente com pessoas desse grupo, vai ter aulas com esse grupo, vai comer e dormir com pessoas desse grupo.
E o mais interessante, é que essa seleção não é baseada em interesses em comum. É baseada exclusivamente em traços de personalidade. Personalidade essa, que aos 11 anos, ainda não está formada. Quem fica com a mesma cabeça dos 11 aos 17?
Esse vídeo fala sobre como esse processo parece...problemático:
Temos uma frase do próprio Dumbledore, no último livro da série, que dá suporte a essa problemática:
"You know, I sometimes think we sort too soon". Dumbledore - Deadly Hollows.
A frase é dita para Snape, que demonstrou grande coragem.
O que me leva ao grande problema desse tipo de seleção e separação das crianças. Ser colocado como Slytherin.
Se todas as casas estivessem em pé de igualdade, ou se o processo de seleção envolvesse interesses em comum, talvez faria mais sentido. Mas ser colocado na Slytherin pelo chapéu parece dizer ao mundo de Harry Potter que você é maligno.
É o equivalente a ser rotulado uma "criança-problema". E isso pode afetar muito o desenvolvimento desse aluno e desse ser humano.
Rótulos pejorativos acabam com a autoestima, e se reforçados continuamente, eles terão o poder de convencer a criança de que ela é o que dizem. Então, ela começa a agir como tal, e aceita sem reagir ao que falam e fazem de mal a ela.
E a baixa autoestima é uma das mais importantes causas dos maus comportamentos e dos hábitos inadequados dos alunos.
Pessoas de baixa autoestima não se empenham para alcançar níveis excelentes de desempenho, porque não acreditam que sejam capazes de realizá-los. Conformam-se com os resultados obtidos, aceitam a inevitabilidade de desempenhos medíocres.
Para compensar as suas limitações e como forma de autoproteção, procuram, sempre que podem, depreciar o trabalho dos colegas, falar mal deles pelas costas, no intuito de justificar os seus próprios desempenhos insatisfatórios.
Ou seja, o chapéu seletor lhe chama de criança problema, e isso cria uma profecia auto-realizadora. Você só vai conviver com crianças-problema, vai ser tratado como uma criança-problema, e por fim, inevitavelmente, se tornará um problema.