Nostalgia: A nova ferramenta de consumo?

O Blog retornou sim! Estou voltando na onda dos revivals que estão impregnando tudo. Afinal, se tudo que era velho estava novo, por que não posso voltar com o Tinocoblog?

Para todo lugar que olho algo está sendo refeito, ou recriado, ou retornado. Ao que tudo indica, 2017 será o ano da nostalgia.

Smurfs, Snoopy, GI JOE, Jem e as Hologramas, Transformers, Meu pequeno Ponei, Full House, Pokemon GO, Gilmore Girls, Power Rangers, Samurai Jack, e a lista só cresce.


Por muito tempo considerada uma desordem, Nostalgia é hoje considerada uma ferramenta poderosa, tanto para o tratamento de ansiedade e depressão, como também para a promoção de consumo.



Mas o que é nostalgia?

Nostalgia é um termo que descreve uma sensação de saudade idealizada, e às vezes irreal, por momentos vividos no passado associada com um desejo sentimental de regresso impulsionado por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais.



Mas, é saudável viver no passado?
Se depender de empresas, sim, e também é lucrativo.

Reviver memórias positivas e ícones do passado cria um senso de continuidade na mente das pessoas, e isso gera um feedback positivo em nossas mentes.

Num mundo de trabalho intenso, responsabilidades e problemas, memórias nos fazem sorrir. Nostalgia nos transporta para um tempo mais  feliz, onde eramos crianças, e nos divertíamos junto de nossos amigos.

Essas sensações nos deixa mais suscetíveis à mensagem de marcas e empresas. De acordo com o Jornal de Pesquisa ao Consumo: "A Nostalgia é tão comum no marketing pois nos deixa numa posição onde perdemos nosso desejo por dinheiro". Em outras palavras, nós compramos mais quando nos sentimos nostálgicos.


Por exemplo, o chocolate Surpresa, que retorna às prateleiras dos supermercados, após algum tempo ausente, denota essa demanda pela nostalgia, da qual o mercado se apropria e manda de volta aos consumidores com um reforço a esse lado nostálgico. O produto ganha pelo mercado um valor extra. É atribuído a ele o nobre rótulo de “clássico”.


Os exemplos de nostalgia e os produtos podem ser diferentes, mas no final acaba prevalecendo a força das marcas, do mercado e dos bens simbólicos que foram adquiridos, gerando um desejo contínuo de estar susceptível a adotar o revival de artistas, filmes, músicas, entre outros exemplos, como forma de saciar um desejo, que pode ter sido até gerado pelo mercado.

Queremos esse retorno, estamos sendo forçados à esse consumo, ou isso é apenas mais um sintoma da síndrome de Peter Pan que assola a geração de Millenials, que apenas regurgitam o passado, com medo de envelhecerem? 

A indústria de massa, Benjamin, & a tentativa de padronizar sucesso

Desde criança, percebo que existe uma natureza cíclica para certos modismos.

Teve uma época em que todo mundo brincava com Tazos, mais tarde foram Cavaleiros do Zodiaco, depois tivemos um período do retorno nostálgico de bolinhas de gude, e todos jogavam...essas tendências funcionavam de forma similar ao que hoje entendo como "o sino de difusão de inovação de Rogers".

Em 1962 o sociólogo Everett Rogers publicou sua tese de doutorado (PhD) onde ele havia feito uma extensa revisão de estudos relativos à difusão de inovações, notadamente de inovações tecnológicas no meio agrícola e que também incluía estudos em diferentes áreas, dentre elas marketing.

A teoria de Rogers destacou que as inovações não se difundem de modo linear pelos diferentes segmentos de uma sociedade ou grupo social.
  
Desde Rogers, empresas têm se esforçado à tentar encontrar tendências antes delas tomarem massa crítica, ou seja, antes de ser aceita pela "Maioria inicial".

Para isso, eles tentam dissecar coisas que tiveram sucesso, e analizar umas contra as outras, até encontrar padrões. Uma vez encontrado esse "padrão", vemos uma enxurrada de clones do sucesso original, com variações mínimas, que tentam emular a mesma trajetória.

Contudo, essas tentativas, em muitos casos, apenas geram cópias inferiores do simulado. Isso pode ser relacionado com a teoria de Walter Benjamin, que dizia que a obra original possui uma aura, cujas cópias não conseguem reproduzir.

Temos o sucesso absoluto de uma série como Friends, que conta a história de amigos jovens em Nova York, e com ela, inúmeras versões sem propósito, que tentam captar o que tornava a série um sucesso, mas não conseguem emular sua essência.


http://i.imgur.com/B4lEj.png

A ruptura da aura do objeto artístico leva à perda da sua “unicidade”, “singularidade” e “autenticidade” e a uma alteração do seu valor de culto. Ao vermos cópia após cópia de um mesmo mote ou tema, acabamos por questionar a obra original.

A verdade é que não existe fórmula única para sucesso. É um conjunto de fatores que contribuem para o sucesso de um filme ou franquia. Contudo, como seres humanos, tentamos buscar padrões em coisas. Essa tendência é chamada Apofenia.

Apofenia é um termo proposto em 1959 por Klaus Conrad para o fenômeno cognitivo de percepção de padrões ou conexões em dados aleatórios. Temos uma tendência natural em buscar padrões onde não existem. Por exemplo, no teste projetivo de manchas Rorschach a apofenia é estimulada com o objetivo de identificar padrões significativos na vida do indivíduo que ele projeta sobre a mancha.

Essa incongruência em tentar entender causa e efeito no processo de difusão leva a uma enxurrada de produtos "sem aura", criados pro estúdios para fazer dinheiro.

Essa busca vazia por retorno monetário impede novas histórias de serem contadas. Acabamos por ver apenas o mesmo conto, repetidas vezes.

Capitão Marvel perdeu uma guerra judicial contra o Superman em acusações de plagio.
Tendências tornam-se modismos não por padrões, mais por que elas tocam algo dormente no público, e captam algo inerente na sociedade em que nasceram. É o famoso Zeitgeist, o espírito da época.

O conceito de espírito de época remonta a Johann Gottfried Herder, que dizia que a arte reflete, por sua própria natureza, a cultura da época em que esta foi feita.

Ao tentar forçar sucesso, emulando padrões, a indústria rouba arte de sua alma e sua natureza. E acabamos com a possibilidade de novas histórias e diferentes pontos de vista.

Navalha de Occam, viagem no tempo & realidades paralelas

A humanidade sempre teve uma relação de amor e ódio com o tempo. Sempre precisamos de mais, mas quando o temos, não sabemos o que fazer com ele.

Do latim tempus, a palavra tempo é a grandeza física que permite medir a duração ou a separação das coisas mutáveis/sujeitas a alterações (ou seja, o período decorrido entre o estado do sistema quando este apresentava um determinado estado e o momento em que esse dito estado registra uma variação perceptível para o observador).

Em outras palavras, Tempo é a duração dos fatos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as horas, os dias, as semanas, os séculos etc.

E desde que o ser humano decidiu medir o tempo, ele entrou numa batalha para estar à tempo, ou seja, controlar essa coisa que ele inventou.


"O tempo não existe. O homem inventou o tempo e o relógio para medir uma coisa que não existe."
Oswald Wendel

 Em Física, o tempo é uma grandeza fundamental, uma das grandezas de base do SI (Sistema Internacional de Unidades) e muitas outras são dele derivadas. Trata-se de um conceito que ocupa a mente dos pensadores (filósofos, cientistas, artistas...) desde as mais remotas eras.

A sua natureza tem sido, por vezes, entendida como linear ou cíclica, como contínua ou descontínua, como reversível ou como irreversível.



Viagem no tempo se refere ao conceito de mover-se para trás e/ou para frente através de pontos diferentes no tempo em um modo análogo à mobilidade pelo espaço.

A possibilidade real de uma viagem no tempo é, hoje em dia, praticamente nula do ponto de vista prático, devido ao fato de que as partes responsáveis pela descoberta de meios para se efetuar uma viagem temporal não terem conseguido ainda produzir a tecnologia capaz de possibilitar (ou resistir) a viagem.

Atualmente, os físicos estão convencidos de que as viagens no tempo são muito improváveis. Esta crença é o resultado da aplicação da Navalha de Occam. Qualquer teoria que permita viagens no tempo teria que resolver os problemas relacionados com causalidade, e na ausência de provas experimentais que demostrem que as viagens do tempo são possíveis, é mais simples, do ponto de vista teórico, supor que não são.

A Navalha de Occam ou Navalha de Ockham é um princípio lógico atribuído ao lógico e frade franciscano inglês Guilherme de Ockham.

O princípio afirma que a explicação para qualquer fenómeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do mesmo e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. O princípio é frequentemente designado pela expressão latina Lex Parsimoniae (Lei da Parcimónia) enunciada como:"entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem" (as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade).

De fato, Stephen Hawking terá sugerido que a ausência de turistas vindos do futuro é um excelente argumento contra a existência de viagens no tempo, mas talvez façamos parte de uma realidade que não converge para um futuro onde haja viagens no tempo, por isso não vemos 'turistas temporais'. Em outras realidades paralelas, onde hajam futuros que convergem para tecnologias de viagem no tempo,os 'turistas temporais' serão vistos.

Contudo, só por que a viagem não é "possível", não quer dizer que ela não pode ser envisionada. E vários artistas e escritores já fizeram uso de viajantes do tempo em suas obras de ficção.

O mais famoso autor de obras sobre o tema é H. G. Wells, em seu livro "A Maquina do Tempo". Nele ele imagina um futuro onde a humanidade foi dividida entre seus dois extremos, o pacífico e utópico e o violento e bárbaro.



O seriado britânico Dr. Who utiliza a viagem no tempo como tema central, onde o protagonista e um companheiro viajam na maquina TARDIS, e onde paradoxos são explicados como o tempo ser algo "wibbly wobbly… time-y wimey… stuff".

Um dos filmes mais adorados que abordam esse conceito é a trilogia "De Volta para o Futuro", que aborda os perigos da viagem do tempo, a fluidez dos acontecimentos, e a natureza cíclica da vida.

Outros filmes, como "Meia Noite em Paris" de Woody Allen trabalham o conceito de nostalgia, se utilizando da viagem no tempo de forma lúdica para expressar a necessidade de nos retermos no presente, e não ficarmos sonhando com o passado.

Por fim, temos o clássico "Feitiço do Tempo", que trabalha a viagem no tempo como uma prisão, e utiliza a repetição de eventos como uma jornada catártica para o protagonista.