Construíndo "Canon": Os Prequels e Sequels afetam a obra original?

Estava conversando com um amigo sobre fandoms e como qualquer obra popular acaba por gerar fãs "um tanto quanto extremos".

Rimos bastante sobre isso, afinal, é apenas uma obra de ficção, e "certas pessoas" não sabem lidar com mudanças.

Concordamos que isso é ridículo.

Eu então fiz uma piada sobre como, em determinado momento de sua história, o Superman se tornou um par de gêmeos com poderes elétricos, e nem por isso o mundo acabou. Meu amigo fechou a cara e disse: "Isso nunca aconteceu". Entenda, ele é um fã de quadrinhos.

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/b/b8/Supesredblue.jpg/250px-Supesredblue.jpgEu tentei argumentar, dizendo que sei que na nova continuidade do personagem (quadrinhos, principalmente a DC Comics, adoram fazer isso, reescrever sua continuidade para remover excessos), mas que sim, em um determinado momento de sua história cof...final dos anos 90...cof, Superman foi remodelado para ser mais "legal".

Meu amigo então me disse: "Sim, mas EU não considero isso Canon".

O termo Canon, ou cânone, no contexto de um universo ficcional, refere-se ao conjunto de romances, histórias, filmes e outros considerados genuínos ou oficialmente sancionados, bem como aos eventos, personagens e cenários considerados como existentes dentro do universo ficcional.

A palavra "cânone" foi empregada originalmente para designar os livros que a Igreja Católica escolheu oficialmente para ser incluídos na Bíblia (Cânone bíblico). Por extensão, passou a significar a "bíblia" de um universo ficcional.

O uso do termo "cânone" para descrever o grau de adesão de uma obra aos padrões de seu mundo fictício parece ter surgido entre os entusiastas das histórias de Sherlock Holmes, como uma maneira de distinguir entre as obras originais de Arthur Conan Doyle e as adaptações ou obras originais por outros autores que usavam os personagens e cenários do primeiro (fiz um post sobre o poder desse fandom, se quiser ler mais sobre). Entretanto, o interesse e a controvérsia em torno do tema recrudesceu nas últimas décadas com os entusiastas de filmes e séries de televisão como Star Wars e Star Trek.

A canonicidade costuma ser uma noção subjetiva, que depende do grau de aceitação de uma determinada obra pelo seu público. Os elementos tidos como "canônicos" normalmente vêm da fonte ou autor original do universo ficcional, enquanto que os materiais "não-canônicos" (ou "apócrifos") vêm das adaptações, spin-offs e outras fontes não oficiais, geralmente em outro tipo de mídia. O fenômeno da "Fanfic" costuma ser apontado como exemplo de ficção não-canônica.

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Em alguns universos ficcionais, as entrevistas e outras comunicações dos autores também podem ser consideradas canônicas, como as cartas de J. R. R. Tolkien a respeito da Terra Média. Da mesma maneira, as sessões de chat e os sites (como o de J. K. Rowling acerca da série Harry Potter) podem vir a ser considerados canônicos. Isto só ocorre quando todas as obras daquele universo ficcional têm o mesmo autor.

Por ser um critério aberto a interpretação, obras de ficção com mais de um autor costumam ter vários canons diferente, dependendo do gosto de cada fã.

Como falei em meu post sobre Reboots (leia mais), quando algo faz sucesso o estúdio, numa forma de capitalizar, decide criar novos produtos com a mesma marca.

Assim nascem as Sequências, gerando um universo expandido.

Contudo, muitas vezes dependerá dos fãs aceitarem ou renegarem esse prequel ou sequel como parte do Canon.

A Disney, por exemplo é conhecida por produzir alguns dos piores sequels, prequels, mequels...Sequências péssimas, com roteiro fraco e arte simplória, feitos com único intuito de fazer dinheiro.

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Contudo, a maioria dos fãs concorda em ignorar essas histórias, já que sua existência não afeta a obra original. Esse não é o caso de, por exemplo, o filme "Indiana Jones e a Caveira de Cristal".

Muitos fãs consideram que essa sequência maculou a obra original, pela a trilogia ser considerada "perfeita". E o fato que foi realizada pelos mesmos autores faz dela completamente canon, impossível de ser ignorada.

South Park foi categórico ao afirmar que seus autores, George Lucas e Steven Spielberg estupraram Indiana Jones no filme.