A verdade é que é um tanto difícil estabelecer limites sobre o que pode ser ficcional, e o que pode ser uma "interpretação real". A Enciclopédia Larousse define ficção como "ato ou efeito de simular, fingimento; criação do imaginário, aquilo que pertence à imaginação, ao irreal; fantasia, invenção".
Ficção é o termo usado para designar uma narrativa imaginária, irreal, ou para redefinir obras (de arte) criadas a partir da imaginação. Em contraste, a não-ficção reivindica ser uma narrativa factual sobre a realidade. Obras ficcionais podem ser parcialmente baseadas em fatos reais, mas sempre contêm algum conteúdo imaginário.
No cinema, ficção é o gênero que se opõe a documentário.
O ficcional portanto é um bem imaterial, imaginário. Contudo, não podemos negar que, quando um autor cria um objeto não-existente e ficcional, essa criação passa a ter uma existência além da página.
Leitores e espectadores se identificam ou odeiam determinada personagem, querem visitar tal lugar fantástico, e desejam possuir o objeto místico.
De acordo com uma vertente filosófica, chamada de Realismo Ficcional, todas essas pessoas lugares e coisas existem, em algum lugar, em teoria.
Contudo, é bom deixar claro que o conceito de Realismo ficcional é de natureza filosófica. Não espere receber uma carta de Hogwarts, nem nada disso, tá?
Primeiramente, para falar sobre esse conceito de ficção, precisamos discutir existencialismo.
Existencialismo é um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX. O filósofo do início do século XIX, Søren Kierkegaard, é geralmente considerado como o pai do existencialismo. Ele sustentava a ideia que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida. O existencialismo afirma a prioridade da existência sobre a essência, segundo a célebre definição do filósofo francês Jean-Paul Sartre: "A existência precede e governa a essência." Essa definição funda a liberdade e a responsabilidade do homem, visto que ele existe sem que seu ser seja predefinido.
Os temas existencialistas são férteis no terreno da criação literária, nomeadamente na literatura francesa, e continuam a exibir vitalidade no mundo filosófico e literário contemporâneo.
Para realmente entender as implicações do realismo ficcional, nós precisamos estabelecer uma definição de existência. Afinal, um "objeto não-existente" é uma contradição. Ser um objeto implica existência!
Portanto, Ficção requer que nós aceitamos o conceito de existência como seletiva.
Realismo modal é um tipo de ponto de vista que favorece a existência de objetos ficcionais. Segundo o filósofo David Lewis, existência é indexável, e a existência de objetos ficcionais depende de nosso entendimento dos mesmos.
Isso o torna tão real como as linhas em um mapa.