Porém, vivemos num mundo "Big Bang Theory". Ser Nerd não só é aceitável. É quase norma.
Para preencher a lacuna de pária social, rótulo que ninguém deseja receber, foi criado uma nova categoria tribal: O Hipster. E não existe coisa pior no mundo que ser nomeado hipster.
A cultura hipster é marcada pela música independente, saudosismo recorrente, uma variada sensibilidade para a tendência non-mainstream (não comum, não recorrente) e estilos de vida alternativos. Os interesses referentes à mídia por esse grupo incluem filmes independentes, revistas e websites notadamente relacionados à música alternativa.
A cultura hipster tem sido descrita como um "mutante caldeirão transatlântico de estilos, gostos e comportamentos".
Então, por que tanto ódio aos hipsters?
Bem, é simples. Enquanto hipsters clamam interesse por diversos elementos das mais diversas subculturas, eles não celebram esse interesse. Eles se utilizam desses ícones de forma irônica.
Se a ironia é o éthos de nossa época – e ela de fato é –, então o hipster é o nosso arquétipo do estilo de vida irônico.
E esse é o grande divisor de águas entre o Nerd e o Hipster. O Nerd celebra as coisas que ele gosta de forma efusiva. Existe uma ingenuidade no amor nerd, enquanto o Hipster carrega toda sua iconografia com um certo desprezo.
E isso é provavelmente o que causa o repúdio de outras tribos à figura do Hipster. A chacota que ele faz dos interesses genuínos de outras subculturas.
Vemos as escolhas dos hipsters mais como performances do que como naturais.
Segundo o sociólogo Pierre Bourdin, os nossos signos sociais possuem poder, que ele chama de "Capital Cultural".
Para Bourdin, objetos ou ícones sociais carregam valor a eles atribuídos. Utilizar deles, portanto, lhe dá status. Esse status, contudo, claramente é interpretado de forma diferente dependendo do grupo social pertencente. Para que um elemento seja aceito por diversos grupos como status, é uma batalha.
Essa luta simbólica decide o que é erudito ou popular, de bom ou de mau gosto. Dos elementos vitoriosos, formam-se o habitus e o código de aceitação social.
E, enquanto a maioria das subculturas têm de lutar pra ser percebida e adquirir valor para seus ícones, hipsters agem como bucaneiros, roubando e fazendo pastiches do que melhor funciona.
Eles estão, metaforicamente, usufruindo do valor cultural da iconografia, sem tomar parte do contexto e conteúdo da mesma.