...Unicórnio dourado? De onde veio isso?!
A resposta mais simples é: às vezes o autor não sabe pra onde ir. Ele se colocou numa encurralada, escrevendo uma situação de vitória impossível, e precisa encontrar uma maneira de salvar o protagonista.
Deus ex machina é uma expressão latina com origens gregas ἀπὸ μηχανῆς θεός (apò mēkhanḗs theós), que significa literalmente "Deus surgido da máquina", e é utilizada para indicar uma solução inesperada, improvável e mirabolante para terminar uma obra ficcional.
O termo refere-se ao surgimento de uma personagem, um artefato ou um evento inesperados, artificiais ou improváveis, introduzidos repentinamente numa trama ficcional com o objetivo de resolver uma situação ou desemaranhar um enredo.
O uso do termo Deus ex machina surgiu no teatro grego clássico, no qual muitas peças terminavam com um deus sendo, metaforicamente, baixado por um guindaste até ao local da encenação, para então amarrar todas as pontas soltas da história.
As tragédias de Eurípides eram notórias no uso deste recurso.
Deus Ex Machina é uma força externa que resolve um problema aparentemente insolúvel de um modo extremamente improvável (e, geralmente, anticlímax).
Níveis de Deus Ex Machina
- Total: um elemento do enredo que não existia e não possui nenhuma explicação lógica. No exemplo inicial, seria o Unicórnio dourado aparecer sem nem ao menos ter sido mencionado previamente.
- Tempo e localização ilógicos: quando o elemento existia,
mas aparece em um local sem explicação. Imagine que na nossa história
haviam nos dito que Unicórnios dourados existiam, mas um aparecer para nos salvar
não tem sentido.
- Cortar e colar: o autor, tentando disfarçar o Deus Ex
Machina, “volta” na história e acrescenta alguma informação, mas ainda
assim fica forçado. É como se no começo da nossa história disséssemos
que havia um Unicórnio dourado patrulhando aquela área e depois não tocássemos mais
no assunto até ele aparecer.
- Fridge Brilliance: parece Deus Ex Machina, mas não é. Em um primeiro momento o acontecimento parece forçado e sem sentido, mas depois você lembra de algo que o torna totalmente possível. E se fosse destacado na nossa história que o medalhão do herói atrai Unicórnios dourados?
De que adianta criar todo um universo, personagens, conflitos, dilemas, problemas e depois jogar tudo isso fora com um acontecimento totalmente desconexo?
Usar Deus Ex Machina evidencia a falta de criatividade e de controle sobre a própria história do autor. Claro que a “gravidade” varia, pode ser que não seja algo tão importante e então possamos relevar, mas uma única utilização desse recurso é capaz de comprometer totalmente um enredo.