O Facebook é uma excelente ferramenta para manter contato com amigos, trocar informações, dividir fotos e expressar opiniões.
Teoricamente, através de redes sociais, estamos cada vez mais informados, uma vez que individualizamos a propagação de informação. Cada um se tornou um divulgador de conteúdo, de forma que, com meus 328 amigos (eu sou seletivo, tá?) eu tenho acesso, [novamente, em teoria] a 328 pontos de vista únicos.
Eu uso o Facebook para coletar informação de conhecidos (e as vezes desconhecidos) sobre assuntos do meu interesse, sejam eles seriados novos, piadas do Family Guy, um novo clipe musical...
Mas, como o Facebook é uma rede social, e cada um publica lá o que bem entender, existe um problema de excesso de informação, além de um desinteresse natural da minha parte sobre determinados assuntos.
Ou são pessoas falando sobre política (uns são PTralhas, outros coxinhas, não existe debate, apenas acusações), ou o resultado do último jogo de futebol, ou o episódio da novela, e por fim, o que aconteceu no BBB de ontem. Nada disso me importa.
Na tentativa de otimizar nosso tempo, acabamos por empregar filtros no Facebook: ignoramos algumas pessoas, bloqueamos outras, e vamos "melhorando" o conteúdo que recebemos em nossa timeline.
Como já falei anteriormente sobre os incríveis algoritmos de busca e seleção quando falei sobre o Netflix, vamos filtrando educando o programa a nos mostrar apenas aquilo que "queremos ver".
A rede social aprende quem são nossos amigos próximos, as pessoas que postam conteúdos que gostamos, e através dos nossos likes e comentários, ela se molda para espelhar nossas convicções.
Mas será que, através de nossos filtros, não estamos nos protegendo de opiniões contrárias as nossas?
Quando
criamos esses filtros, estamos criando dentro de nosso ambiente um
falso senso de universalidade e maioria. Ao eliminar pensamentos
contrários aos nossos, eliminamos também a oportunidade de debate. Esse
fenômeno é chamado de "Câmara de Echo".
Em
mídia, uma câmara de echo é uma situação em que ideias, pensamentos e
informações são amplificadas e reforçadas através de transmissão e
repetição dentro de um "sistema fechado". Esse sistema fechado implica o
embarricamento de pontos de vista contrários, censurando-os ou, não os
apresentando.
Argumentar deixa de ser necessário, pois somos cercados de concordância.
Quebrar
esse looping de eco só é possível quando nos colocamos na
desconfortável posição de receber e aceitar pontos de vista diferentes
dos nossos, e abrir um debate coerente. Entender e debater é uma forma
de compartilhar conhecimento.