Como disse o diretor Guilherme Del Toro, a cultura ocidental nos ensina a entender o mundo através do binário.Nossa compreensão de realidade é, portanto, baseada no conceito de oposições, preto e branco, luz e escuridão, bem e mal.
Todo o nosso lúdico e imaginário popular está repleto de figuras, que nos auxiliam a entender o funcionamento do mundo.
Utilizando dessa mitologia, nós codificamos o mundo, dividindo-o em conceitos antagônicos. Então, quando criamos anjos, nós também criamos monstros.
Esses monstros existem como neuroses personificadas. Eles são metaforas de nossos medos mais profundos, e dos males sociais.
Tão enraizados são nossos temores, que eles não cansam de aparecer em nossas obras de ficção, nos ajudando a entender essas phobias, e analizá-las.
Vampiros:
Tiveram muitos significados ao longo dos anos, de medo do colonialimo e o que ele poderia acarretar, trazendo o temor do novo mundo. Ele também está calcado em regras vitorianas sobre propriedade. Contudo, a figura do vampiro é mais associada a perversões sexuais trazidas à tona. Eles também demonstram como pessoas da época viam religião, e eram uma metafora para a quebra da religiosidade.
Zumbis:
Zumbis existem como monstros sem vontade própria. Podem ser interpretados como nosso medo de perdermos controle sobre nossas ações, ou até mesmo nossa liberdade. Zumbis são tipicamente interpretados como uma analogia ao capitalismo desenfreado, e sobre a alienação do trabalhador, que se torna nada mais que um exército de escravos sem mente.
Kaiju (monstros gigantes japoneses):
Essas criatura gigantes, o qual Godzilla é o mais reconhecível, nascem na cultura popular após a 2ª Guerra Mundial, fruto de ansiedades quanto ao advento da era nuclear.
O Monstro de Frankenstein:
O monstro de Frankenstein (que muitos teimam em chamar de Frankenstein, que era o nome do médico) é uma representação do medo da modernidade e dos avanços da ciência.
Contudo, essas interpretações e metafora evoluem. Muitas obras atuais, tanto de Vampiros quanto de Zumbis, parecem mais ligadas ao medo de guerras biológicas, e novas viroses. Elas também fazem alusão à relação entre o terceiro e primeiro mundos.
Conformes nossos medos evoluem, os monstros parecem mudar, e novas metaforas a serem criadas.