A arte de nomear: Somos o que nos chamam?

Um habito que eu adquiri recentemente é tomar iogurte grego. Adoro! O sabor e a consistência são uma delícia!

Contudo, muitas pessoas diriam que eu não gosto de iogurte grego...não realmente.

Explico: O que eu e muitos brasileiros chamam de iogurte grego, o que é vendido em supermercados no país todo, não é de fato iogurte grego. A consistência e sabor desse produto não é o que os gregos chamariam de iogurte, portanto, essa nomeclatura está errada.

(BTW, eu estive recentemente na Grécia, e realmente são produtos bem diferentes).

Essa dessonância ocorre pois aquilo que fomos ensinados não está de acordo com o que estão apresentando agora.

Quando aprendemos algo nós realizamos uma construção cognitiva, entre o nome e o que ele representa, e quando essas coisas não se encaixam, isso gera um ruído, e provavelmente, te deixará irritado.

"Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume" William Shakespeare

Em lógica e semântica, millianismo sobre os nomes próprios é defender que os nomes têm denotação mas não têm conotação, o que significa que nomes têm referência e seu significado esgota-se na referência.

Basicamente, não existem adaptações nem interpretações. Uma coisa tem aquele nome, e nada mais pode ser chamado por aquele nome, pois o nome significa uma coisa só.

Vemos isso, por exemplo, com Pizza. Italianos dizem que as únicas pizzas verdadeiras são a pizza Napolitana e  a Caprese. Todas as outras, por mais gostosas que forem, não podem ser chamadas de pizza.

Existem muitos defensores dessa teoria, também chamada de teoria da referência direta. Segundo essa teoria, certas expressões, em particular, nomes próprios, referem-se sem a mediação de conceitos ou, no jargão de Gottlob Frege, sentidos (Sinne) -- ou ainda modos de apresentação (Art des Gegebenseins). Tais expressões funcionariam como que "rótulos" (tags, nas palavras de Ruth Barcan Marcus) para os seus objetos.

Em contrapartida, temos A teoria das descrições, também conhecida como Theory of Descriptions. Segundo ela, não existe um "valor veritativo". Ela afirma que a forma sintática das descrições é enganosa, já que não correlaciona sua lógica e/ou arquitetura semântica.

Essa teoria, lançada em 1905 pelo filósofo Bertrand Russell, afirma que denotações são ambíguas. Por exemplo "O gato mais fofo" é único e individual, mas a sua verdadeira identidade é desconhecida.

Ou seja, a construção de significado é algo particular e cultural. Atribuição de significado na nomeclatura não é algo fixo, e precisa, portanto, ser colocado em contexto.

O que eu chamo de pizza, ou iogurte grego, e minha capacidade de apreciar tais produtos como são apresentados está ligado com minha vivência, e com a minha própria construção cognitiva. 

E  isso se torna mais interessante quando fazemos um exercício como nos "Googlear". Se seu nome de certa forma é um descritivo de você, como lidar com outras pessoas com o mesmo nome? Será que existem aspectos meus nos diversos André Tinocos pelo mundo, ou somos uma experiência cognitiva diferente?