O poder de persuasão age de maneira intensa com crianças, que não possuem maturidade suficiente e discernimento para diversas questões importantes. Em outras palavras, as crianças são facilmente influenciadas pela publicidade.
Isso, contudo, não impede que empresas não tentem influenciar habitos de consumo das crianças de outras formas. Uma das formas mais comuns é a produção de conteúdo direcionado, o que podemos chamar de merchandising às avessas.
Muito comum nos anos 80, quase toda programação infantil era voltada para a venda de produtos e/ou serviços. Produções inteiras eram focadas na criação de personagens e artigos que podiam ser vendidos.
Com esse enfoque, obviamente não podemos esperar que esses desenhos fossem bons, inteligentes, ou criativos. Eles serviam seu propósito, que era vender brinquedos.
Nessa estrutura, temos duas vertentes: 1) o produto existia, e o programa foi criado para vendê-lo; 2) o programa foi criado com o intuito de vender os brinquedos que seriam produzidos.
No primeiro temos como exemplo He-man e Ursinhos Gummy, e no segundo programas como Transformers e Meu Pequeno Pony.
Novo colorido e novos acessórios, e He-Man nasceu. Para acompanhar, DC Comics foi acionada para criar uma história em quadrinhos baseada nos bonecos, e logo mais, um desenho foi criado.
Os personagens são simplistas, criados apenas com o intuito de vender brinquedos.
Em contrapartida, temos Ursinhos Gummy.
Para quem não sabe, antes de ser um desenho, Ursinhos Gummy era apenas uma bala. Para tornar o doce um produto de televisão, foram criados personagens, enredo e um cenário.
A diferença entre He-man e Ursinhos Gummy, é que o segundo é excelente.
Já Transformers e Meu Pequeno Pony são duas faces da mesma moeda.
Criados na época em que desenhos praticamente existiam exclusivamente para vender, Transformers existiam para vender bonecos e carrinhos para meninos, enquanto Meu Pequeno Pony vendiam figuras e acessórios para meninas.
Hoje, muitos desses desenhos sofreram reboots, com novos desenhos, filmes e brinquedos. A diferença é que produções infantis hoje são escritas para serem interessantes, não só para vender.
O que não quer dizer que produtos criados como uma ação de merchandising não podem ser divertidos, interessantes, ou bem produzidos. Um exemplo disso é o novo filme do Lego.
Apesar de ser claramente algo feito para vender brinquedos, ele têm conteúdo, tem história, e é extremante bem produzido, provando que o porquê não importa tanto quanto o como!