Arquétipos narrativos e os papeis que desempenhamos


“Sua visão clareará apenas quando você conseguir olhar para seu próprio coração. Aquele que vê o lado de fora, sonha; aquele que vê o lado de dentro, desperta.” Carl Gustav Jung

Um dos processos mais comuns de criação de personagens está relacionado a utilização de arquétipos pelo autor. Basicamente, os arquétipos na escrita são modelos iniciais, contendo características básicas essenciais que formam o rascunho de uma determinada personalidade e que servem de ponto de partida para a elaboração de personagens.


A utilização de arquétipos para estudar o homem vem desde Platão, o primeiro a utilizar o termo, e ganhou grande força com os estudos do psicólogo Carl Jung, que defendia a idéia do inconsciente coletivo na humanidade, ou seja, que os homens de diferentes sociedades possuem características comuns mesmo nunca estando em contato uns com os outros. 

Jung diz que todo ser humano tem cinco arquétipos principais (A Sombra, A Anima, O Animus, A Persona, O Eu) que se combinam formando seu caráter.

Nem todos os escritores são favoráveis a utilização de arquétipos. Um dos principais problemas na utilização desse sistema é o autor criar personagens estereotipados, ou seja, caricatos, simples, sem complexidades, baseados em clichès. Logo, um personagem realista geralmente é baseado em mais de um arquétipo, se tornando mais complexo.


Principais Arquétipos Masculinos no cinema:

1. O Protetor

É aquele que busca proteger todos que estão em sua volta, e que deseja viver em uma redoma protegida. Pode explodir a qualquer momento e vive mais de acordo com seu corpo do que sua cabeça. Procura fazer as mulheres se sentirem especiais. Exemplos: Super-Homem, Rocky Balboa, John Mclane (Duro de Matar).

2. O Bruxo

Busca o conhecimento para fazer o mal aos outros e ao ambiente, sendo altamente egoísta. O extremo do solitário, buscando evitar pessoas. Exemplos: Drácula, Dr. Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes).

3. O Homem das Mulheres

Ama as mulheres e qualquer coisa relacionada a elas. Possui fortes amizades femininas e enxerga a mulher como igual ou superior, vendo extrema beleza em todas elas. Muitas vezes não se dá bem com homens mas não liga pra isso. Pode ser afeminado ou não. Exemplos: Shakespeare (Joseph Fiennes em Shakespeare Apaixonado), Jack Dawson (Leonardo DiCaprio em Titanic).


4. O Messias Masculino

Aquele que possui uma forte causa, muitas vezes divina. Pode ter características andrógenas e absorver facilmente qualquer outro arquétipo. Exemplo: Jesus Cristo, Luke Skywalker (Guerra nas Estrelas), Neo (Matrix), Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Robin Hood, William Wallace (Coração Valente).

5. O Rei

É aquele que necessita de um "reino" para controlar. Geralmente é um político ou um chefe, vivendo em excesso. Ama dominar. Não consegue enxergar todo o problema e ignora os detalhes e as emoções. Quando fracassa busca preencher o vazio com bebidas e sexo. Exemplos: Rei Artur, Júlio César.

6. O Ditador (lado negro do Rei)

Quando a vontade de dominar se torna uma obsessão e o personagem passa a desejar mais e mais controle sobre seus subordinados, querendo ser um semideus e controlar o destino e vida dos outros. É capaz de fazer leis sem sentido apenas para demonstrar seu poder, e pode ser passivo-agressivo, geralmente deixando a pessoa cometer um erro para depois puni-la. Exemplos: Don Vito Corleone (Marlon Brando em o Poderoso Chefão), Don Michael Corleone (Al Pacino em o Poderoso Chefão). 


Principais Arquétipos Femininos no cinema:


1. A Musa Sedutora

Mulher forte que sabe o que quer, de sexualidade aberta. Gosta de ser o centro das atenções, mas teme a rejeição. Exemplo: Cleópatra, Scarlett O'Hara (E o Vento Levou).

2. Femme Fatale (lado negro da Musa Sedutora)

Usa suas qualidades, geralmente físicas, para controlar e manipular os homens. Seu corpo é uma arma. Exemplos: a figura da Femme Fatale foi praticamente criada por Barbara Stanwick no clássico noir Pacto de Sangue, onde ela interpreta Phyllis Dietrickson, seduzindo um vendedor de seguros com o objetivo de matar o seu marido. Outros bons exemplos são Catherine Tramell (Sharon Stone em Instinto Selvage
m), Alex Forrest (Glenn Close em Atração Fatal), Elsa Bannister (Rita Hayworth em A Dama de Xangai), Madeleine Elster (Kim Novak em O Corpo que Cai).

3. A Amazona

É a feminista, que possui um lado masculino tão forte quanto o feminino. Geralmente é apaixonada pela natureza e é selvagem, valorizabdo a liberdade. Prefere amizades femininas, mas por muitas vezes afastar as mulheres acaba tendo mais amigos homens. Exemplos: Xena a Princesa Guerreira (Lucy Lawless), Sarah Connor (Linda Hamilton em Exterminador do Futuro 2), Mulher Maravilha.

4. A Cuidadora

É a mulher que tem o senso de obrigação de cuidar de alguém, colocando sempre os outros na sua frente. Geralmente possui uma profissão médica e normalmente não se importa muito com a moda e nem com a beleza (geralmente sua beleza está escondida). É o arquétipo da mãe e esposa protetora, mas que possui muitas fragilidades. Exemplos: Madre Teresa de Calcutá, Bela (de a Bela e a Fera).

5. A Matriarca

É a mulher que está no comando, muito forte, e comprometida, fiel e amorosa. Faz tudo para sua família e exige respeito. Nunca abandona a família e é a esposa perfeita e devota. O seu momento mais inesquecível é o dia do seu casamento. Exemplo: Aurora Greenway (Shirley MacLaine em Laços de Ternura).

6. O Messias Feminino

O Messias é o arquétipo de um andrógeno, e as versões masculinas e femininas são praticamente idênticas. São personagens que tem uma forte causa relacionada a um grupo amplo de pessoas. Essa causa não precisa ter necessariamente conexão com algo divino. Pode facilmente conter outros arquétipos. Tem uma força interior que nunca morre e sempre se sacrificará pelos outros. Exemplos: Joana D'Arc, Maria de Nazaré, Dama do Lago (Mitologia Arturiana), Galadriel (Senhor dos Anéis por J.R.R. Tolkien), Trinity (Carrie-Anne Moss em Matrix).


7. A Donzela

Vive uma vida charmosa e alegre e não se preocupa com problemas dos dia-a-dia. É uma mulher que corre muitos riscos pois se acha invulnerável. Dificilmente se estressa. Pode ser uma mulher nos 40 que ainda age como uma garotinha, e no fundo não quer crescer, vivendo em um mundo onde casamento, filhos e responsabilidade não ocupam um lugar de destaque. Gosta de depender dos outros e adora variedade e festas. Exemplos: Lady Guinevere (Mitologia Arturiana), Sandra Dee (Olivia Newton John em Grease), Julieta (de Romeu e Julieta por William Shakespeare).


Conhecer bem os arquétipos é uma excelente ferramenta para o escritor determinar a função de um personagem na história e saber se ele está desempenhando bem o seu papel na trama. Os arquétipos revelam qualidades boas e más que existem em qualquer ser humano, por isso, mais de um arquétipo pode se manifestar em um personagem.
Os símbolos e arquétipos de Jung
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