Músicas podem ser tristes?


“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música”.
Aldous Huxley

Quem nunca teve um momento depressivo, quando colocou algum tipo de música emo, e ficou curtindo sua fossa?

A música é muito eficiente em conectar com nosso estado de espírito.

Usamos de música para fazer emoções se manifestarem e serem reforçadas. Afinal, sons suplementam, complementam e conjuram sentimentos.

Contudo, a música em si não contem nenhuma dessas emoções.


As letras podem expressar sim sentimentos, mas a melodia não. Acordes maiores não são felizes, assim como acordes menores não são tristes. Nós fomos condicionados a entende-los como tal.


De acordo com a teoria da imitação de Platão, também conhecida como Mimeses, toda a criação é uma imitação. Até mesmo o mundo é uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das ideias). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão.


A música, segundo essa teoria, é uma imitação da expressão física dos sentimentos. Então, nós percebemos a estrutura da música como sendo similar à forma como nos expressamos quando sentimos o que sentimos.


Existem também teorias que existe um componente biológico nessa questão, e que nós estamos geneticamente predispostos a reagirmos de uma certa maneira ao ouvirmos sonoridades. Isso explica como cachorros “entendem” sonoridades felizes, ou então quando você está reprimindo ele.


Ou seja, não seria a música que imita, somos nós que respondemos.

Uma terceira teoria é que, na verdade, a emoção que uma música vai inspirar depende do contexto em que você está a ouvindo. A música então é uma tabula rasa que serve de repositório ou espelho para o seu estado de espírito.


Para que a música “comunique” algo, precisamos estar, portanto, predispostos a entender essa comunicação, e recebe-la como tal.

De acordo com as teorias de Patrik N. Juslin & DanielVästfjäll, pessoas apreciam música justamente pelas emoções que elas evocam. De acordo com eles, os elementos que podem induzir emoções ao ouvir um som são:
 
(1) Reflexo das células cerebrais, (2) Condicionamento evolutivo, (3) Contágio emocional, (4) Imagético, (5) Memória episódica, e (6) Espectativa.


Por exemplo, você fica triste ao ouvir uma música do Bruno Mars, não porque a música é triste, mas sim por ela lhe levar a fazer uma associação com uma pessoa ou um momento.