Há muitas diferenças entre a linguagem escrita e a linguagem audiovisual. Essas duas artes se embatem e se influenciam, numa relação nem sempre muito saudável.
Foi Virginia Woolf, quem fez umas das críticas mais contundentes. Para ela, a aliança entre a literatura e o cinema era "não-natural". O cinema lhe mostra visualmente personagens que você conhece intimamente, e lhe pede para aceitá-los. Ela acreditava que essa aceitação era difícil, pois, enquanto a ênfase no cinema é nas cores, nos vestidos, no cabelo, nós conhecemos o interior da cabeça da personagem, e lá é onde de fato a história reside.
Na linguagem audiovisual, toda a informação deve ser visível ou audível. As nuances se perdem. É fácil escrever que João está pensando em seus feitos do passado, muito mais difícil filmar isso. Então, momentos sutis acabam ganhando ontros contornos, para imprimir o mesmo caráter emocional.
Contudo, hoje vivemos na era das adaptações. Hollywood, com fome por idéias prontas e sucessos garantidos, vêm minando as estantes pôr qualquer coisa que possa se tornar uma trilogia, parte de um universo expandido. Todos querem ser a Marvel.
E nessa febre por adaptações, muito se perde na tradução.
Não existe espaço dentro de um filme de duas horas para abranger todas as nuances de um livro de 400 paginas. Personagens são cortados, ou alterados, momentos são esquecidos, e fãs acabam enfurecidos.
No filme “Adaptação” (2002), o
roteirista Charlie Kaufman, em um golpe mestre de metalinguagem, explora
a dificuldade enfrentada por roteiristas
na hora de adaptar o trabalho de terceiros.
Na trama, ele, Charlie Kaufman (no filme interpretado por Nicolas Cage), precisa adaptar o livro “O Ladrão de Orquídeas”, da escritora Susan Orlean (Merryl Streep). Só que no processo de tentar ser fiel à obra - e honrar o livro, a escritora e seus fãs - ele acaba se inserindo na história, que se desenrola, tornando-se um típico enredo hollywoodiano.
Na trama, ele, Charlie Kaufman (no filme interpretado por Nicolas Cage), precisa adaptar o livro “O Ladrão de Orquídeas”, da escritora Susan Orlean (Merryl Streep). Só que no processo de tentar ser fiel à obra - e honrar o livro, a escritora e seus fãs - ele acaba se inserindo na história, que se desenrola, tornando-se um típico enredo hollywoodiano.
Mas nem todas as adaptações são ruins. Muitos filmes souberam adaptar o conteúdo dos livros, usando o que existia de melhor em ambos os meios, gerando ótimos casamentos.