Como escritores, temos uma tendência a escrever coisas do nosso ponto de vista. Escrevemos o que conhecemos.
Ao criar personagens, autores costumam imbuí-los com traços familiares a eles, opiniões e traços de acordo com suas crenças e atitudes.
Isso, do ponto de vista estrutural, é excelente, pois a familiaridade do autor com a situação permite maior complexidade, com personagens mais críveis e naturais.
Contudo, do outro lado, um autor que só enxerga seu próprio umbigo pode pecar pela falta de diversidade, uma vez que só criará o que lhe é conhecido.
"Narciso acha feio o que não é espelho" Caetano Veloso
Em contrapartida, à fim de evitar homogeneização de seu elenco, muitos autores acabam por pecar no sentido contrário. Criam um personagem arbitrário, apenas para gerar diversidade. São os infames Token characters.
Diferente dos demais personagens, ele não tem outros interesses, apenas aqueles que envolvam o segmento ao qual ele está representando. É o famoso estereótipo.
Trata-se de uma estratégia para criar uma falsa aparência, ou seja, é uma medida que finge integrar, com poucas concessões, quando no fundo o que se pretende é manter as estruturas de dominação.
É o que ocorre quando há UM negro em algum ambiente disputado, ou UMA mulher num contexto masculinizado, mas eles são apenas utilizados como peças simbólicas para que não haja maiores questionamentos.
Tipos comuns de Token:
A Minoria Token
Qualquer estereótipo que sirva para representar uma minoria. Pode ser o negro briguento, o gay afeminado, o nerd, o judeu contador, a loira burra.
A Banda dos 5 Tokens
A Smurfette
Como o nome sugere, a Smurfette é a única mulher em um grupo formado quase exclusivamente por homens. Enquanto os demais membros do grupo possuem personalidades e características, a Smurfette é uma mulher, e só isso.